Reportagem Mother Engine no Porto
Orangotango
Houve muito stoner rock e psicadelismo no Cave 45, passado dia 4 de Outubro e abençoado pelo feriado no dia seguinte. Por tudo isso, uma das inúmeras despedidas do Cave 45 (o nosso coração ainda sangra) teve todos os ingredientes necessários para ser um festão.
Com 20 após a hora marcada, o mini trio portuense com trejeitos de super banda (afinal, há membros de Ghob e Pedra Papel Tesoura) lá subiu a palco e despejou a sua energia, ainda bem verdinha, para junto dos poucos mas bons que já iam compondo a casa. Um projecto com potencial, ainda a precisar de algum calo mas onde o espaço para a agitação é garantido.
E depois da prata da casa, West Grave subiu um pouco a parada, com um som já um pouco mais trabalhado e menos desenfreado, com mais variações de ritmo e uma envolvência diferente. Com o EP homónimo na bagagem, e com mais algumas pessoas na assistência, a viagem fez-se bem, com os inícios letárgicos dos temas a desaguarem em convulsões em distorção, fruto da boa interação musical entre os meninos de Barcelos.
Mas, convenhamos, o que realmente levou as pessoas peregrinar ao Cave foram os Mother Engine, que já não são nenhuns estranhos em terras lusas e que contam com múltiplas passagens pelo país, com destaque para a presença como cabeças de cartaz no Sonic Blast Moledo de 2015. E foi de uma forma autenticamente magistral que a banda oriunda de Plauen preencheu a sala, basculando na perfeição os diferentes ambientes e pegadas cósmicas que desejavam imprimir em cada longo tema.
Sempre num vai-e-vem de estilos e humores, ora introspectivo e solitário como explosivo e corrosivo, o trio alemão mostrou o porquê de ser uma das bandas mais subvalorizadas do género, sendo difícil não pensar nos Colour Haze quando escutamos a banda. Contudo, a banda apresenta pontos suficientemente diferentes para ter a sua própria personalidade, som, e, sobretudo, muita qualidade ao vivo. Até a luz do Cave 45 foi abaixo com tamanho poderio psicadélico, mesmo no cair do pano !
Com os três álbuns a serem percorridos durante a actuação que durou cerca de uma hora e meia (curiosamente, iniciando-se com “Prototyp”, tema inicial do último registo Hangar, e terminando com “Hangar”, tema final de Absturz de 2015), os Mother Engine têm razões de sobra para ter deixado o Porto de sorriso aberto.
- terça-feira, 02 janeiro 2018